sexta-feira, 31 de outubro de 2008

"NECESSITO DE UM PALCO”

Por: Felipe de Souza / Foto: Divulgação

Camaleão, multimídia, multi-homem... Todos esses adjetivos se encaixam em Fredi Endres, guitarrista da Comunidade Ninjitsu e DJ hypado nos quatro cantos do mundo, atuando sob a alcunha de DJ Chernobyl. Do rock clássico do AC/DC ao funk anárquico do Bonde do Rolê, tudo isso entra no case do sujeito. Trocamos uma idéia com ele sobre rock, Miami Bass, carreira solo e produção musical.

Rock’n’Talk - Qual o disco de rock que te marcou? Aquele que tu ouviu e disse "É isso que quero fazer"? Se for mais de um, tem como listar para nós?

DJ Chernobyl - Prefiro citar mais de um: Jimi Hendrix (Axis Bold as Love), AC/DC (For Those About to Rock), Kiss (Dynasty), Red Hot Chilli Peppers (Uplift Mofo Party Plan) e Snoop Dogg (Doggystyle).

Rock’n’Talk - E nessa estrada toda que tu tens como músico, quando rolou de vez essa fusão entre rock, eletro, funk, Miami bass, etc, etc...Qual o peso de cada um desses estilos no teu som atual?

DJ Chernobyl - Eu sempre fui aquele cara que encontra qualidade em vários estilos de música. Quando meus amigos eram metaleiros e ouviam Ozzy, Accept, etc...eu concordava com eles, mas admirava muito o que o Devo fazia com os sintetizadores naquela onda new-wave. Depois veio o Beastie Boys e o Defalla misturando peso com rap. Sempre me encantei com isso. Também sempre achei que fazer uma coisa tentando ser alguém, imitando, é uma maneira muito medíocre de se expressar. Sou contra essa coisa de querer ser o Ramones daqui, o Beatles do agreste o Rolling Stone do nordeste. Me sinto bem misturando tudo que gosto, tanto como DJ e como banda (Comunidade Nin-Jitsu). Na Comunidade tocamos rock com funk-carioca e como DJ eu toco electro com funk carioca. Acho que o peso de cada estilo depende do lugar em que estou tocando. No exterior, como DJ, toco bem mais funk, porque os gringos querem isso, já em POA, misturo com tudo, e na minha banda sou praticamente um metaleiro fã de Hendrix tocando em cima de beats de funk que programo. Nunca me transformo em algo que não sou, apenas sinto qual a vibe que vou pesar mais dentro de todas que existem em mim.
Rock’n’Talk - Quando você decidiu investir na carreira de DJ? Qual a diferença entre administrar uma carreira com banda e tocar sozinho? Fica mais fácil?

DJ Chernobyl - Decidi ser DJ porque produzo música em casa, foi uma forma que arrumei para me apresentar como produtor musical. Faço um DJ set com muita coisa minha, versões e remixes. A coisa foi acontecendo aos poucos, quando vi estava agendado pra tocar no Japão ao lado de Justice, Beastie boys e Groove Armada. O diferencial foi a originalidade do meu som, e não minha técnica de mixagem. Sem dúvida é mais fácil administrar uma carreira de DJ, sem a democracia de um conjunto. O problema é que sou membro extremamente atuante em todas as áreas na Comunidade, cuido de tudo, e como DJ sou meu empresário também, agendo discotecagens no mundo todo, corro atrás de visto de entrada, passagens, divulgo na internet, vou atrás de artistas novos para remixar. Com a soma das duas coisas, (Comunidade Nin-Jitsu e Chernobyl) fico bem estressado.
Rock’n’Talk - Para a molecada que tá começando a gravar os próprios sons e iniciando em estúdio, quais as ferramentas e programas que você acha mais importante dominar?

DJ Chernobyl - Acho importante a pessoa dominar o Sound Forge para cortar começos/fins, maximizar (deixar a música em um volume decente) e converter para MP3. Para criar música em PC, sugiro o Reason e para gravar em PC sugiro o Nuendo.
Rock’n’Talk - Quando está trabalhando em casa ou na estrada, qual ferramenta de edição de som tu prefere para usar no computador?

DJ Chernobyl - As três citadas acima (Reason, Nuendo e Sound Forge)

Rock’n’Talk - Qual a importância do MySpace na divulgação do teu trabalho? Usa alguma outra ferramenta de divulgação viral? Qual?

DJ Chernobyl - O Myspace é o máximo. Chamo de Orkut sério, profissional. O cara posta seus sons e troca informações com o mundo todo. Meus primeiros lançamentos no exterior foram agendados pelo Myspace, mais especificamente por selos japoneses que adoravam o que eu fazia. O próprio Bonde do Rolê eu descobri no Myspace em 2005, e a partir daí agendamos a gravação e a minha produção do primeiro disco deles. Não uso outra ferramenta, não tenho tempo pra ir além disso, tenho que fazer música também. A gente vive uma era em que o cara, se quiser, fica mais tempo na internet do que fazendo música. Tem gente que faz um som meia-boca, inventa um logo com o design mais avançado, divulga a mil, e música que é bom, nada. Temos que se ligar nisso também, nem tudo que tá no Myspace é bom. Tem que se dedicar muito a fazer som, a internet é uma ferramenta pra auxiliar a divulgação das próprias criações. Às vezes o cara tem que se desconectar e criar. Eu uso um computador pra fazer música e outra pra internet.

Rock’n’Talk - Quais são seus planos para o futuro? Pretende trabalhar cada vez mais na produção de discos de outros artistas?

DJ Chernobyl - Pretendo produzir cada vez mais. Meus últimos lançamentos foram pra artistas suecos e alemães (The Touch e RQM). Com a produção do “Atividade na Laje” (último cd da Comunidade) mostrei que produzo em vários estilos, não só nessa parada de funk com electro. O cd contém peso, rap, rock... Quero trabalhar com todos os tipos de artistas. Pretendo também seguir fazendo shows e discotecando. Necessito de um palco para mostrar o que faço, estou longe de ser um ermitão de estúdio.

INGRESSO PARA O OFFSPRING - O GANHADOR


Quem tá ligado aqui no Rock'n'Talk sabe que colocamos no ar a promoção que dará ingresso para o show do Offspring, que rola amnhã à noite em Porto Alegre, no Pepsi On Stage. Pois é, e já temos um vencedor.

Álvaro Blanco Cardoso foi o mais rápido a responder qual foi a primeira música que a banda disponibilizou para download gratuito na Web, que disco ela pertencia e em que ano isso rolou.

A resposta:

Música - Pretty Flu for a White Guy

Disco - Americana

Ano de lançamento - 1998

Parabéns Álvaro, seu lugar na pista do Pepsi On Stage já está garantido

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

EDITANDO MÚSICAS EM CASA

Existem muitas bandas boas espalhadas por aí. O problema é que elas se restringem apenas a ensaios na garagem de um dos integrantes. Aí quando vêem uma banda fazendo sucesso, são os primeiros a criticarem, desde as letras das músicas até o visual. E concluem dizendo com um pingo de indignação: "nós somos bem melhores que eles".

Bom... e de que adianta vocês tocarem melhor do que quem faz sucesso, se ainda gravam suas músicas em uma arcaica fita K7 usando um gravador pré-histórico? A menos que você seja um "old school" fanático, e vá tocar para os seus iguais. Caso contrário, uma música bem produzida e editada pode atingir um público bem maior, que preza pela qualidade sonora.

Não pense que fazer uma gravação profissional em estúdio é coisa de abonados. Dependendo do número de integrantes de uma banda, não chega a R$ 10 por pessoa. Mas se mesmo assim, o seu momento financeiro não permite estes "gastos exorbitantes", existem soluções de custo zero que podem quebrar o galho.

A primeira delas pode ser considerada uma solução "geográfica": Ao invés de ensaiar na garagem, leve a banda para tocar na frente do computador. Ou se for mais fácil, mude o computador para o lugar que acharem mais conveniente. Não vai ser a mesma coisa que uma gravação profissional num estúdio isolado acusticamente, mas vai dar para quebrar o galho.

O segundo passo é saber o que fazer com os arquivos de audio gravados. Partindo do princípio que programas como o Photoshop servem para dar um toque a mais nas fotos, existem também softwares que fazem a mesma coisa, mas com arquivos de som. Uma das opções gratuitas que você encontra na web é o Audacity, um programa gratuito, leve, e com vários recursos, tais como a gravação de audio em 16 canais, inserção de efeitos, mixagem, remoção de ruídos e chiados (bom para quem quiser passar suas gravações em K7 para o computador). E ainda há a possibilidade de salvar seu trabalho nos formatos mais comuns de audio, como WAV e MP3.

(clique para ampliar)

Existem também as opções de programas pagos, que possuem um número maior de recursos de edição. Dentre eles, um dos que mais se destaca é o SoundForge. O software aceita inúmeros formatos de gravação, análise de efeitos e suporte a áudios de alta resolução, além de possibilitar gravar a sua montagem diretamente em um CD.

(clique para ampliar)
Baixe a versão de 30 dias de teste em http://www.sonycreativesoftware.com/soundforge

Como ninguém nasce sabendo de tudo, o melhor a fazer é escolher um destes programas e "brincar" um pouco com eles, sem compromisso. Pegue uma das suas MP3 e faça cortes, insira efeitos, coloque uma batida eletrônica... Deixe a sua imaginação e criatividade fluírem. Assim, quando chegar a hora de editar as músicas da sua banda, você vai estar expert no software, a ponto de montar um áudio de olhos fechados.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O PERFIL DA SUA BANDA AQUI

No blog Rock'n'Talk, além de falar sobre música, entrevistar pessoas que trabalham na área, e contar um pouco da história do rock, também queremos abrir um espaço para as bandas que estão começando agora, dando aquela força para que o público conheça melhor o seu som.

Por isso, toda semana colocaremos aí do lado uma lista de cinco bandas. O seu voto vai decidir qual delas merece ter o perfil publicado aqui no blog. Para facilitar sua escolha, aqui vão os links onde você pode ouví-las:

Conflito Interno – www.conflitointerno.com
Digue – www.digue.com.br
Motel Flamingo - www.bandamotelflamingo.com.br
Os Indivíduos - www.myspace.com/osindividuos
Vitrola Basca - www.myspace.com/vitrolabasca

Na próxima quinta-feira, dia 6 de novembro, sai o resultado.

Se você tiver uma banda e quiser aparecer por aqui, mande um e-mail com o link do site do grupo para rockntalk@avoid.com.br. Quem sabe a gente não conta a sua história por aqui?

O DIA EM QUE O ROCK MORREU

Na mitologia grega, a Fênix era o nome dado a um pássaso considerado sagrado, que quando morria, entrava em auto-combustão e renascia das próprias cinzas. Com certeza você deve estar se perguntando o que isso tem a ver com o rock? Pois tal como a ave mitológica, o rock precisou morrer para renascer com toda a força e energia que conhecemos hoje.

Vamos voltar um pouco no tempo, mais exatamente para a década de 1950. Após a II Guerra Mundial, os EUA consolida-se como potência mundial, e colhe os louros de um crescimento econômico impulsionado pelo desenvolvimento tecnológico e pelo boom do consumismo entre os jovens. Ao mesmo tempo, o pensamento da sociedade americana ainda era retrógrado e racista - as músicas dos negros só tocavam nas rádios em determinados horários, exatamente para que ninguém pudesse ouvir. Tudo isso mudou quando um jovem motorista de caminhão que atendia pela alcunha de Elvis Aaron Presley surgiu no cenário musical, iniciando uma revolução social nunca antes vista.

A música negra passou a ser regravada por artistas brancos, abrindo o espaço que seus criadores precisavam para alcançar o sucesso. Nesta época surgiram gênios como Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis, Bill Halley, Buddy Holly, Fats Domino, Johnny Cash, Carl Perkins, dentre outros. Nas letras, temas como festas, mulheres, e insinuações sexuais predominavam. Shows lotados de meninas histéricas e de jovens com os hormônios a flor da pele. Um prato cheio para os moralistas de plantão.

Não demorou para que associações de pais, membros da igreja, conservadores e políticos se manifestassem contra o rock, colocando nele a culpa dos jovens terem se tornado rebeldes sem causa. Muitos shows foram cancelados. Uma das histórias da época foi a de que Elvis havia sido proibido pelo prefeito de uma cidade de chacoalhar sua pélvis durante o show, caso contrário seria preso. Câmeras de vídeo foram instaladas para monitorar a apresentação do rei do rock. Não adiantou muito - mesmo mexendo apenas o dedo mínimo de uma mão, Elvis levou a platéia ao êxtase.

A preocupação com o avanço do rock'n'roll pela América atingiu o alto escalão governamental. Como a mudança de valores dos jovens poderia afetar as relações de poder entre as instituições, a solução encontrada foi a de "domesticar" os responsáveis pela "selvageria". E o primeiro deles foi exatamente o pioneiro, Elvis Presley. A convocação para servir o exército americano na Alemanha agradou inclusive seu empresário, o coronel Tom Parker, que via nisto uma oportunidade de melhorar a imagem de seu assessorado perante a opinião pública e, com isso ganhando mais fãs através da fama de "patriota" do roqueiro.

army picture 1

Se a pressão moral não foi suficiente para impor respeito, ações mais enérgicas deram conta disso. Chuck Berry foi preso por cruzar uma fronteira estadual com uma menor de idade. Jerry Lee Lewis viu sua carreira desmoronar quando a mídia trouxe à tona seu casamento com uma prima de 13 anos. Little Richard, um dos músicos mais controversos (era espalhafatoso, e suas músicas picantes demais para a época), acabou se convertendo ao Evangelho e virando pastor. Para completar a tragédia, o avião em que viajavam Richie Vallens, Buddy Holly e Big Bopper sofreu um acidente, matando os músicos. O dia do acidente, 3 de fevereiro de 1959, ficou conhecido como "o dia em que o rock morreu", imortalizado anos depois na música American Pie, de Don McLean:

E foi assim que a sociedade conservadora americana conseguiu matar o rock. O que eles não sabiam que, tal como a Fênix, o rock não morre jamais. As cinzas deste movimento musical fizeram novamente os acordes de guitarra ressoarem e meninas gritarem desesperadamente por seus ídolos, desta vez do outro lado do Atlântico, em uma pequena cidade chamada Liverpool. Mas esta é outra história...